Investir numa educação integral: as múltiplas dimensões da inteligência.
No núcleo duro do ideário da escola católica está o compromisso com uma educação integral de cada aluno. O Colégio das Escravas, que sempre destacou a “pedagogia do coração”, sente-se particularmente comprometido com este projeto de educação.
O acesso aprofundado ao conhecimento e o desenvolvimento integral de cada criança e jovem mobilizam-nos todos os dias, numa educação personalizada e de qualidade reconhecida. Cada aluno é uma pessoa única que nos merece todo o cuidado e incentivo, tendo em vista desenvolver todo o potencial que a habita e que pode estar subavaliado ou até mais ou menos escondido.
A teoria das “inteligências múltiplas” de Howard Gardner, desenvolvida na Universidade de Harvard, com particular acuidade no seu Projeto Zero, e seguida por muitos cientistas e educadores, desde os anos 80 do século passado, veio fornecer um instrumento muito útil no momento em que cada educador se confronta com a imperiosa necessidade concreta de promover de facto o desenvolvimento integral de cada aluno.
Todo o ser humano possui múltiplas dimensões da inteligência que devem e podem ser estimuladas, sob pena de cada um nunca se revelar em toda a sua plenitude e de poder estar a prejudicar a sua realização pessoal, seja porque apenas cuida do desenvolvimento de algumas dimensões da inteligência seja porque trava o desenvolvimento de outras para as quais pode estar particularmente vocacionado.
Ao chamar “inteligências” a estas dimensões ou talentos ou competências H. Gardner quis enfatizar a sua relevância e a necessidade de atendermos à sua promoção global e particular. É óbvio, como afirma T. Armstrong, que todas as dimensões se interconectam e interestimulam, mas a sua “divisão” permite aos educadores não apenas a sua valorização, mas também o estabelecimento de estratégias de incentivo muito mais claras e consequentes.
Todos conhecemos o aluno que é “bom a educação física” ou a aluna que é “um ás a inglês” ou até a matemática, e ainda um outro que é “muito bom a desenhar”. A detecção destes talentos é fundamental seja para os desenvolver (e não atrofiar, como se faz tantas vezes, na escola e na família), seja para sabermos que dimensões é preciso estimular mais em cada um(a), para que o seu desenvolvimento seja mais harmonioso e completo. Esta é a nossa cultura escolar.
Por isso, o Colégio empreendeu um trabalho de estudo aprofundado, de comparação internacional (com visitas a colégios com muito bom desempenho nesta área) e de reorganização pedagógica que permitiu iniciar, no ano letivo de 2018/19, a aplicação desta teoria na educação dos seus alunos.
As nove dimensões da inteligência são assim celebradas por todo o nosso espaço escolar: a linguística, a lógico-matemática, a espacial, a cinestésica-corporal, a musical, a interpessoal, a intrapessoal, a naturalista e a espiritual (pode ver-se uma descrição de cada dimensão aqui).
Estamos, pois, no início de um caminho em que todos, educadores, alunos e pais, temos muito a aprender. Os resultados deste modo de trabalhar têm evidenciado ser potenciador de um maior desenvolvimento de cada aluno e tem permitido o alcance de melhores resultados escolares.
O nosso ambiente escolar está mais rico e são inúmeras as novas potencialidades de que agora dispomos para ensinar e aprender melhor. Esta é uma aposta que exige de nós muito trabalho, muito rigor de execução e de acompanhamento e de avaliação, para que cada um dos nossos alunos cresça plenamente e se afirme como pessoa autónoma e comprometida com os demais e com o bem comum.
Um trabalho de identificação, desde a educação pré-escolar, destes talentos em cada criança, um trabalho da sua explicação aos alunos, um trabalho de estímulo e desenvolvimento de cada dimensão da inteligência, um trabalho de enriquecimento pedagógico, em atividades e instrumentos, um trabalho de reorganização da própria escola: uma nova alegria inunda o ambiente escolar, pois as aprendizagens são amplamente e profundamente estimuladas.
Todos os alunos que chegam ao Colégio têm o direito a um pleno desenvolvimento, a viver experiências que ativem e desenvolvam todas as dimensões da sua inteligência.
Esta é uma das áreas de inovação educativa em que estamos a investir, pois estamos apostados em educar pessoas que possam Ser Mais, Muito Mais.